sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Desenvolvimento e Aquisição da Linguagem

Nós não nascemos a falar mas, em pouco tempo e sem esforço, tornamo-nos conhecedores de um dos sistemas mais sofisticados e complexo que se conhece.
A capacidade natural para adquirir a linguagem não significa que o seu desenvolvimento não seja influenciado pelas experiências de comunicação a que a criança é exposta.
A capacidade de aprendizagem da criança durante os primeiros anos de vida é surpreendente e a sua compreensão e expressão através da linguagem oral cresce a uma velocidade notável durante esta fase tão importante para o desenvolvimento da linguagem.
Quando a criança nasce há um período praticamente sem linguagem, em que o bebé vocaliza mas não comunica verbalmente. E só mais tarde por volta de um ano, quando produz a primeira palavra intencionalmente significante, entra na linguagem, começa a ser capaz de construir e compreender frases da fala de um adulto ( Castro e Gomes, 2000).
Segundo Bzoch & League ( 1971), o período entre o nascimento e os três anos de idade, é um tempo muito importante para o desenvolvimento social e intelectual da criança e para o seu futuro. É durante este período que os alicerces da personalidade se formam.
Mussen ( 1998) refere que, segundo alguns defensores da teoria inatista, há um período sensível para a aquisição da linguagem; « dentro desse período espera-se que a aquisição da linguagem ocorra normalmente, mas fora dele a aquisição da linguagem é díficil, senão impossível» ( Elliot, 1981, p.23, citado por Mussen e colaboradores, 1998, p. 216).
Segundo Sim-Sim (1998), as primeiras palavras que a criança é capaz de produzir dizem respeito a pessoas, objectos ou acontecimentos do mundo que a rodeia, sendo constituídas por monossílabos ou reduplicação de sílabas que o bebé já pronunciou durante o período da lalação. O aparecimento das primeiras palavras é por muitos considerado o final do período pré-linguistico e a entrada no período linguístico.
Por volta dos dezoito meses a criança entra no período da palavra-frase, isto é, as palavras expressam globalmente sentimentos ou desejos, prazer, recusa, tendo um grande significado pessoal. O vocabulário da criança vai-se enriquecendo muito rapidamente.
A primeira frase aparece entre os dezoito meses e os dois anos, segundo Debray-Ritzen e Matllinger (1994), caracterizando-se pela primeira associação de duas palavras. São frases agramaticais com uma justaposição simples, por exemplo:  «papá ua», para pedir ao papá para ir à rua. Cada vez mais utiliza a linguagem para pedir o que deseja. Este discurso é chamado de telegráfico, pois as primeiras frases de duas palavras são como um telegrama, isto porque elas contêm apenas palavras essenciais, omitindo preposições, artigos, verbos ou conjunções. À medida que a criança cresce, a sua linguagem vai ficando cada vez mais complexa. A partir dos vinte meses dá-se um aumento muito rápido dos enunciados de duas para três palavras, começa agora a haver uma aproximação à frase do adulto.
Por volta dos dois anos, aparece o «Eu», ao tomar consciência de si própria.
Entre os dois anos e meio e os três anos, começa a utilizar os determinantes (artigos) e começa a usar contracções dos verbos ( 30 meses); 90% da sua fala é entendida, relata histórias imaginárias, utilizando os primeiros pronomes: tu, ele e mim.
Segundo Rigolet ( 1998), aos três anos a criança torna-se cada vez mais desenvolvida linguisticamente. Já é capaz de utilizar o artigo definido, “ o” e “ a” e recorre a preposições, pronomes pessoais e possessivos. Em relação à expressão sintáctica, utiliza frases declarativas, negativas ou afirmativas. Os tempos dos verbos encontram-se no passado, no presente e, por vezes, no futuro próximo. Nesta fase aparecem muitas as vezes generalizações como por exemplo: “ eu fazi”, são generalizações abusivas também chamadas de sobregeneralizações.
Durante os três primeiros anos a linguagem da criança torna-se cada vez mais clara, embora sinta dificuldades em certos fonemas como: “j”, “z”, “r”, “rr”, “lh”.
Nesta fase começa a usar vocabulário adulto substituindo assim, palavras infantis, começando a dizer por exemplo: “ dormir” em vez de “nanar”.
Durante esta etapa também é normal aparecer uma espécie de gaguez, denominada de gaguez fisiológica. O que acontece na realidade é que a criança tem um raciocínio demasiado rápido para o que é capaz de transmitir através da linguagem oral.
No próximo artigo continuarei a falar da linguagem, sobre o papel do adulto na promoção do desenvolvimento da linguagem.


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